segunda-feira, 10 de junho de 2013

SURDOCEGUEIRA

O CONCEITO DE SURDOCEGUEIRA

O termo surdo-cego designa as pessoas que apresentam a perda total ou parcial dos sentidos da audição e visão. A combinação destas duas deficiências impossibilita o uso dos sentidos da distância, causando extrema dificuldade na conquista de habilidades educacionais, vocacionais, de lazer e social. 
 Conforme Lagati (1995, apud Brasília, 2010), a:

“Surdocegueira é uma condição que apresenta outras dificuldades além daquelas causadas pela cegueira e pela surdez. O termo hifenizado indica uma condição que somaria as dificuldades da surdez e da cegueira. A palavra sem hífen indicaria uma diferença, uma condição única e o impacto da perda dupla é multiplicativo e não aditivo.” (p. 306)

CLASSIFICAÇÃO DA SURDOCEGUEIRA

Dependendo da idade em que a surdocegueira se estabeleceu, pode-se classificá-la em:Surdocegos Pré-linguísticos ou Surdocegos Pós-linguísticos.

Pré-linguístico: quando a Surdocegueira ocorre por causa congênita ou anterior a aquisição da fala.

Pós-linguísticos: quando a pessoa adquiriu a Surdocegueira após a aquisição de uma língua, seja oral ou de sinais.

CAUSAS QUE PODEM LEVAR A SURDOCEGUEIRA

·         Origem genética - Síndrome de Usher, Associação Charge;
·         Origem pré-natal - Rubéola Materna, Toxoplasmose, Drogas;
·         Lesões neo-natais – Prematuridade;
·         Adquiridas - Infecções: Meningite, Sarampo, Otites Graves, Sífilis; 

CAUSAS MAIS FREQUENTES 

Na maioria das vezes a causa da surdocegueira é a rubéola na gestação. Já nos adultos a causa mais frequente da Surdocegueira é uma síndrome que se caracteriza pela surdez desde o nascimento ou a surdez aparecendo com 4 ou 5 anos (Síndrome de Usher). Só na adolescência começam a aparecer os problemas visuais: dificuldade de ver à noite, dificuldade de sair do claro e entrar num lugar escuro e vice-versa. O problema visual é causado por Retinite Pigmentar. Outras dificuldades são em relação ao campo visual que pode ir diminuindo, mas que permite a pessoa continuar comunicando-se por meio de Língua de Sinais. 

FORMAS DE COMUNICAÇÃO

            As formas de comunicação utilizadas com os surdocegos dependem, entre outros aspectos, do nível de interação que eles estabelecem com seus pares e da existência de resíduo visual ou auditivo.
Para promover a comunicação com os surdos pré-linguísticos, inclui-se o uso de objetos de referência (objetos de vida real e/ou concreto), cartões com parte desse objeto ou com a representação gráfica do mesmo, bem como fotos, gestos (representação motora e uma ação), caixas de antecipação e calendários com a rotina diária da criança.




            

        

Dentre as formas de comunicação expressiva, as mais comuns são:

Expressão natural: As primeiras expressões naturais são aquelas que já nascem com a criança e que se tornam sociais quando provocam reações de outra pessoa. Por exemplo, sorriso, choro, balbucio, gritos, retornar a um espaço físico para expressar uma necessidade (ir a cozinha para mostrar que deseja comer), movimento corporal, alegria, bocejo, o gesto de apontar, toque, pistas de cheiros (cozinha, banheiro, lavanderia, quintal).

Movimento do corpo: Um dos movimentos naturais pode ser abaixar a cabeça para “sim” ou sacudir a cabeça para “não”, ou movimentar o corpo para indicar uma determinada brincadeira que a criança conhece e da qual gosta.

Expressão facial: A criança pode alterar sua expressão facial para indicar algo, alguém ou para solicitar alguma coisa que necessita e deseja em um determinado momento. Por exemplo, a criança poderá permanecer com os olhos direcionados para o horizonte, olhando para longe. Essa expressão poderá significar “Eu preciso de um tempo ou eu não estou interessado”. O sentido da expressão será dado de acordo com o contexto imediato vivenciado.

Voltar ao lugar: A criança surdocega volta aos lugares familiares como uma forma de tornar mais claro suas necessidades e desejos em um dado momento. Por exemplo, ir até a cozinha como uma forma de dizer que está com vontade de comer alguma coisa.

Toque: O toque pode ser usado para obter a atenção do acompanhante, evidenciando assim
uma tentativa de estabelecer uma interação. Ou, então, poderá utilizá-lo para verificar a presença ou ausência de alguém, por exemplo, verificar se o professor está junto dela ou onde ele se encontra.

Gestos: São movimentos naturais do corpo que acompanham a comunicação. Esses gestos podem ser feitos com os braços, com as mãos, com a cabeça, com as pernas e com todo o corpo. Em geral, os gestos são contextualizados.

Expressões emocionais: A criança, por meio da produção de sons, sorrisos, risadas, movimentos do corpo, mostra ao professor o que gosta, se está feliz, se é entendido ou se está contrariado.

Sinais incorporados: As crianças, muitas vezes, apontam para partes do próprio corpo na qual elas experimentaram uma sensação agradável. Exemplificando: a criança poderá tocar na própria barriga como uma forma de pedir que a brincadeira de fazer cócegas seja repetida.

Expressão oral: A criança surdocega pode emitir palavras isoladas para indicar uma ação ou algo que deseja e necessita em um dado momento. Por exemplo, poderá verbalizar a palavra “água” para indicar que está com sede. Ou, ainda, poderá apenas emitir uma sequência de sons visando chamar a atenção de alguém para sua pessoa, ou, simplesmente, emiti-los como uma forma de protestar sobre algo que está ocorrendo com ela.
Para promover a comunicação com os surdocegos pós-linguísticos, existem alguns métodos tais como:

 Datilológico ou manual

Na utilização deste alfabeto a pessoa surdacega oferece a sua palma da mão direita ou esquerda, como preferir ao seu guia-interprete, que utiliza em sua maioria neste sistema de comunicação as pontas dos dedos na mão do surdocego. A mão da pessoa surdacega permanece sempre na mesma posição e os seus dedos ficam abertos.

  
 















Escrita na palma da mão: Esse sistema alfabético consiste no registro de cada letra de uma palavra na palma da mão da criança ou em outras partes de seu corpo (braço). Para tanto, é necessário que a mensagem seja escrita, preferencialmente, com letras maiúsculas (conhecida, também, como letra bastão). O registro das letras deverá ser realizado com o dedo indicador do interlocutor no centro da palma da mão ou em outras partes do corpo da criança surdocega para que esta perceba, por  meio o tato, cada letra registrada.
Outra forma, dessa modalidade é utilizar um dedo da própria criança surdocega como ferramenta no registro de mensagens. Para tanto, o interlocutor deverá orientar o movimento do dedo da criança na realização do traçado de cada letra na palma da mão ou sobre uma superfície plana qualquer.
  





Língua de sinais em campo visual reduzido: Nesse sistema de comunicação não-alfabético, o professor interage com a criança surdocega por meios de sinais. A adaptação necessária será a de adequar o espaço de sinalização ao campo visual da criança (surdo com síndrome de Usher). Assim, o quadrante (região compreendida entre a cabeça até altura do quadril) de realização e recepção do sinal não poderá ser o mesmodo surdo, mas deverá restringir-se ao campo visual espacial perceptível da criança surdocega.




   

Tablitas alfabéticas: Esse é um sistema alfabético em que se utiliza uma tablita (uma espécie de prancha em tamanho reduzido) que contém letras e números em relevo ou em braile. A comunicação é viabilizada mediante o deslocamento do dedo indicador da criança surdocega de modo que, com a ponta de seu dedo, ela perceba pelo tato cada uma das letras que formam as palavras que compõem a mensagem.

 






Materiais técnicos do sistema alfabético com retransmissão em braile: Esses materiais são equipamentos como computadores e máquinas de escrever portáteis, mecânicas ou eletrônicas que viabilizam o registro da mensagem no sistema alfabético e a transforma no sistema braile, de modo a transmiti-la à criança surdocega.

Método Tadoma: Este método de comunicação consiste na percepção tátil da língua oral emitida, mediante uso de uma ou das duas mãos da criança surdocega. A recepção das mensagens orais ocorre, geralmente, mediante o posicionamento suave do dedo polegar da criança surdocega, sobre os lábios do interlocutor. Os demais dedos se mantêm sobre a bochecha, a mandíbula e a garganta do interlocutor. Essa posição viabiliza o acesso da criança surdocega à produção da fala pelos seus interlocutores.





                     
       

Sistema Malossi: Este sistema de comunicação consiste na marcação das letras do alfabeto e dos algarismos de 0 a 9 nas falanges dos dedos e na palma de uma das mãos da criança surdocega. Distribui-se para cada falange uma letra do alfabeto; na medida em que o espaço destinado à letra é tocado, a criança vai selecionando as letras e formando as palavras que compõem a mensagem. A criança surdocega pode usar uma luva que tem impressas, as letras e os números, indicando os lugares onde devem ser tocados.

 







Escrita em tinta: É um sistema alfabético que consiste na escrita da mensagem em tinta, com tipos ampliados, de maneira que essa possa ser percebida pela criança surdocega por meio de seus resíduos visuais.


 

 

Leitura labial: É a recepção de mensagens transmitidas pelo interlocutor mediante a fala por meio da leitura labial realizada pela criança surdocega, com a utilização de seus resíduos visuais.

Língua oral amplificada: É a recepção da mensagem expressa pelo interlocutor por meio da língua oral, mediante o uso, por parte da criança surdocega, de aparelho de amplificação sonora (AASI). No caso do uso do AASI, é fundamental que o interlocutor se coloque a uma distância adequada, de acordo com a perda auditiva da criança surdocega, e do lado em que apresente melhores condições de percepção do som (resíduo auditivo).


Referências:

BRASIL. Surdocegueira e Deficiência Múltipla. Coleção A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar. MEC/Brasília, 2010.

BRASIL. Dificuldades de comunicação e sinalização: Sudocegueira e Múltipla Deficiência Sensorial. Coleção Saberes e Práticas de inclusão. MEC/Brasília, 2006.

Centro de recursos nas aéreas surdocegueira e deficiência múltipla sensorial. Formas de Comunicação Para pessoa com surdocegueira adquirida e o uso de Tecnologia Assistiva.
Disponível emhttp://www.ahimsa.org.br/horizonte.htmlacesso em 01 de junho de 2013.

MATOS, Izabeli Sales. Formação continuada dos professores do aee - saberes e práticas pedagógicas para a inclusão e permanência de alunos com surdocegueira na escolaUniversidade Estadual do Ceará, Centro de Educação, Curso de Mestrado Acadêmico em Educação, Fortaleza, 2012.

LIVROS SOBRE SURDEZ

                   




ESSES DICIONÁRIOS ABAIXO LHE AJUDARÃO A ADQUIRIR VOCABULÁRIO PARA O USO DA LÍNGUA DE SINAIS.





          Livro Ilustrado de Língua Brasileira de Sinais
Editora: Ciranda Cultural
Este livro enfoca o conhecimento da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) através de campos semânticos de forma visual e elucidativa, tendo como objetivo diminuir a barreira de comunicação entre ouvintes e surdos. 









Livro - Língua de Sinais Brasileira: Estudos Linguísticos
Neste livro, Ronice Muller de Quadros e Lodenir Becker Karnopp descrevem e analisam a língua de sinais brasileira, apontando, de modo competente, seus aspectos fonológicos, morfológicos e sintáticos. Superando a dificuldade inerente à tradução e à transcrição dos sinais, as autoras oferecem uma fonte imprescindível para aprendizagem, compreensão, análise e uso da língua de sinais brasileira, ricamente ilustrada por fotos realizadas com rigoroso cuidado técnico, com o objetivo de que o leitor pudesse ter idéia dos rápidos movimentos de corpo e mãos envolvidos em cada sinal.



PRECONCEITO LINGUÍSTICO

Descrição

Neste livro, incorporando as discussões e propostas das ciências da linguagem e da educação, Marcos Bagno reitera seu discurso em favor de uma educação linguística voltada para a inclusão social e pelo reconhecimento e valorização da diversidade cultural brasileira.




Livro - Políticas E Práticas De Educação Inclusiva
As proposições e iniciativas da atual política inclusiva são problemas que pedem análises e soluções urgentes. Nesse cenário, a discussão sobre a inclusão de alunos especiais na escola regular assume um caráter peculiar. Embora, a esse respeito, o sistema escolar alinhe-se com a legislação internacional e com posturas avançadas em relação aos direitos sociais, sua ação tem sido limitada no sentido de viabilizar concretamente políticas inclusivas. Nos trabalhos reunidos neste livro, os autores falam de obstáculos, equívocos, precariedades, contradições. Mas não aderem à imobilidade. Suas análises assumem um caráter prospectivo e propositivo. Não expõem as críticas como um fim em si, mas como desejo de mudança e como indicação do que é possível mudar. São textos que interessam a educadores e pesquisadores vinculados à educação, bem como a todos que se preocupam com o tema da inclusão social em nossa realidade.









                      LIBRAS? Que língua é essa?


Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda
Audrei Gesser 
Ainda é preciso insistir no fato de que a libras é língua? Desde a década de 1960, ela recebeu o status lingüístico, e ainda hoje, passado quase cinqüenta anos, continuamos a afirmar e reafirmar essa legitimidade.
O objetivo deste livro é pensar algumas questões relativas à surdez, num momento oportuno e particularmente pertinente, quando decisões políticas têm propiciado um olhar diferenciado para as minorias lingüísticas no Brasil. Os discursos sobre o surdo, a língua de sinais e a surdez "abrem-se" para dois mundos desconhecidos entre si: o do surdo em relação ao mundo ouvinte e o do ouvinte em relação ao mundo surdo.
O leitor encontrará aqui um ponto de partida para repensar algumas crenças, práticas e posturas à luz das transformações que marcam a área da surdez na atualidade. O que se espera é poder chegar a um novo olhar, a uma nova forma de narrar a(s) realidade(s) surda(s).
Dada a amplitude das preocupações aqui delineadas, o livro pode alcançar diferentes públicos: surdos, ouvintes, leigos, profissionais da surdez, estudantes, professores ou simplesmente curiosos.
Parábola Editorial ou livraria







Surdez e Linguagem

A obra, um dos mais completos estudos já feitos acerca da surdez, trata de maneira crítica dos mais diversos aspectos ligados ao tema, tendo como base teórica a neurolingüística. Partindo das relações entre cérebro, linguagem e cultura, a autora explicita o desenvolvimento da comunicação do surdo. Aborda, ainda, as visões sobre o “normal” e o patológico, preconceitos, bilingüismo, língua de sinais etc.







O GRITO DA GAIVOTA

O livro conta a biografia de Emmanuelle Laborit, pessoa com deficiência auditiva, neta do cientista Henri Laborit, atriz francesa agraciada com o Prémio Molière. Neste livro é contada sua infância, adolescência conturbada e o início de sua vida adulta.

Como Ajudar um Surdocego.


1.  Ao aproximar-se de um surdo-cego, deixe que ele perceba sua presença com um simples toque.
2.  Qualquer que seja o meio de comunicação adotado faça-o gentilmente.
3.  Combine com ele um sinal para que ele o identifique.
4.  Aprenda e use qualquer que seja o método de comunicação que ele saiba. Se houver um método, conheça-o, mesmo que elementar.
5.  Se houver um método mais adequado que lhe possa ser útil, ajude-o a aprender.
6.  Tenha a certeza de que ele o percebe, e que você também o está percebendo.
7.  Encoraje-o a usar a fala se conseguir, mesmo que ele saiba apenas algumas palavras, para os que têm resíduos auditivos.
8.  Se houver outras pessoas presentes, avise-o quando for apropriado para ele falar.
9.  Avise-o sempre do que o rodeia.
10.  Informe-o sempre de quando você vai sair, mesmo que seja por um curto espaço de tempo. Assegure-se que fica confortável e em segurança. Se não estiver, vai precisar de algo para se apoiar durante a sua ausência. Coloque a mão dele no que servirá de apoio. Nunca o deixe sozinho num ambiente que não lhe seja familiar.
11.  Mantenha-se próximo dele para que ele se perceba sua presença.
12.  Ao andar deixe-o apoiar-se no seu braço, nunca o empurre à sua frente.
13.  Utilize sinais simples para avisá-lo da presença de escadas, uma porta ou um carro.
14.  Um surdo-cego que esteja se apoiando no seu braço, perceberá de qualquer mudança do seu andar.
15.  Seja cordial, exerça sua consideração e senso comum.
16.  Escreva na palma da mão do surdo-cego.
a.   Qualquer pessoa que saiba escrever letras maiúsculas pode fazê-lo na mão do indivíduo surdo-cego, além de traços, setas, números, para indicar a direção, e do número de pancadas na mão, que podem indicar quantidades.
b.   Escreva só na área da palma da mão e não tente juntar as letras. Quando quiser passar a escrever números, faça um ponto, com o indicador, na base da palma de sua mão, isso lhe indicará que dali em diante virá um número.

Algumas características dos alunos surdocegos.
·         Podem apresentar movimentos estereotipados;
·         Não demonstram saber as funções dos objetos ou brinquedos;
·         Podem rir e chorar sem causa aparente;
·         Podem apresentar resistência ao contato físico;
·         Movimentam os dedos e as mãos em frente aos olhos;
·         Não se comunicam de maneira convencional;
·         Tropeçam muito e batem nos móveis, objetos, etc;
·         Gostam de ficar em locais com luminosidade;
·         Podem não reagir aos sons.

Algumas orientações para professores:
ü  Evite o toque de muitas mãos;
ü  Planeje atividades funcionais para o aluno;
ü  Não infantilize, considere sua idade cronológica;
ü  Criar uma rotina previsível, com uma possível comunicação;
ü  Estabelecer uma relação de confiança;
ü  Respeitar o tempo de aceitação;
ü  Desenvolver um diálogo não verbal, utilizando os movimentos da criança;
ü  Utilizar as habilidades que o aluno apresentar;
ü  Enfocar o processo de aprendizagem e não resultados;
ü  Perceber suas intenções comunicativas;
ü  Dar novo significado a objetos e pessoas.
ü  Respeitar o tempo do aluno e não ser invasivo.